quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Graúdos versus Miúdos!


Graúdos versus Miúdos!
Nós, graúdos que nos relacionamos com miúdos, frequentemente, ou todos os dias, temos muitas dúvidas: como é que devemos fazer, e falar, e responder, e impor regras, e sermos equilibrados, e …
Não existem respostas lineares ou verdades absolutas. Aquela coisa do “depende do caso” é muito irritante, porque não nos esclarece em coisa nenhuma, mas é o que acredito ser a verdade. Depende, mesmo.
Há coisas que são tidas como as mais acertadas de fazer, por experiência, por estudo, por constatação. Mas mesmo dentro dessas coisas, há pessoas que acreditam mais numas do que noutras, mesmo entre profissionais. A opinião que vos vou deixando aqui é a minha, naturalmente baseada naquilo que sou como pessoa e na minha forma de estar profissionalmente. Fará sentido a alguns, mas não certamente a todos.
Também por isto é que tenho pensado no que é que acho verdadeiramente importante na nossa postura face aos miúdos. E vou fazer uma coisa que é raro fazer, mas que me apetece neste texto: uma listinha, daquelas organizadas, com uns pontinhos todos janotas, que nos ajudam à brava a tornar tudo mais simples.
§       Agirmos com Amor, o maior número de vezes que conseguirmos. – Agir com Amor significa, muitas vezes, ralharmos e dizermos não. Depende da forma como o fazemos, se estamos cientes e controlados na nossa atitude, ou se já perdemos a cabeça e já vai tudo à frente. É diferente, mesmo na forma como damos a palmada! E eles sentem e sabem a diferença (e nós também!)
§       Sermos claros nas nossas regras. – Aquilo que não admitimos ou admitimos hoje, tem de ser o mesmo que acontece amanhã. A nossa permissão ou não face aos comportamentos das crianças não se deve alterar consoante a nossa disposição; é importante que eles saibam o que podem ou não fazer connosco, independentemente de nós, graúdos, estarmos com mais ou menos paciência. Se eu costumo deixar a minha criança saltar no sofá, se há um momento em que mudo essa regra, convém explicar porquê, muito bem explicado, porque eles são uma esperteza no que toca à coerência dos argumentos, como todos sabemos!
§       Sermos transparentes e honestos. – Isto facilita imenso! Os miúdos são espertos, muitas vezes muito mais do que nós. Eles sabem quando lhes estamos a dizer alguma coisa que é mentira, ou na qual não acreditamos; eles sentem, vêem nos nossos olhos. E o que acontece, muitas vezes, é que ficam zangados connosco. Porque deixam de confiar em nós. E um adulto tem, acima de tudo, de ser confiável! Somos nós que lhes damos a segurança de que podemos viver sem medo, de que está tudo bem. Se lhes mentimos, como é que eles vão ter a certeza de que quando dizemos a verdade é mesmo verdade? Não vão, vão estar sempre a desconfiar. E desconfiar, para uma criança, é viver insegura. E sermos honestos quando erramos com eles, peçamos-lhes desculpa (como queremos que eles façam connosco e com os outros); Quando nos fazem perguntas que não sabemos, admitimo-lo; Quando nos contam acontecimentos das suas vidas que nos deixam de coração apertado, partilhemos humildemente da sua dor, sem inventar desculpas nas quais não acreditamos nem nos fazem nenhum sentido.


§       Não nos culparmos. – Quando temos uma atitude para com eles da qual nos arrependemos, ou se estivermos numa fase em que achamos que somos pais pouco perfeitos/péssimos (acho que nos acontece a todos!), tentemos pensar nas coisas sem culpa. Fazemos o melhor que podemos e sabemos, não tenhamos dúvidas. É verdade que o nosso melhor nem sempre é grande coisa; sim, é verdade. Mas há muitas vezes, a grande maioria, em que somos fantásticos, e nem nos apercebemos disso! Mas nos momentos em que sabemos que fomos menos felizes numa atitude, temos a capacidade de pensar nas coisas e alterá-las, se quisermos. Irmos alterando, porque nada é automático, é sempre um processo.
§       Irmo-nos pensando enquanto educadores. – Pensarmos o que queremos de nós enquanto pais, enquanto educadores; como é que queremos recordar-nos, enquanto pais, quando os nosso filhos já forem homens e mulheres; como é que queríamos, ou sonhamos, que seja o nosso dia-a-dia com os nossos filhos; o que é que estamos a fazer para o conseguir; o que é que é mais importante para nós que os nossos filhos sejam? Felizes? Bem sucedidos? Inteligentes? Bem-Educados? Desenrascados? Sociáveis? Doutorados? Realizados? Ricos? … Muitas das vezes, a forma como tratamos os nossos filhos reflecte os nossos desejos (nossos!) de como gostaríamos de os “moldar”, a maioria das vezes porque acreditamos que, dessa forma, eles serão mais felizes.
§       Sermos Felizes! – O mais que pudermos! Enquanto Seres, que aqui andamos. Quanto mais felizes formos, melhores pais seremos. Sem dúvida nenhuma. Por todo o Amor que tenhamos aos nossos filhos, eles são parte da nossa vida, não são a nossa vida! Quando se tornam a nossa vida, pomos-lhes em cima a responsabilidade enorme de nos fazerem felizes. Eles não têm essa responsabilidade, não é justo. Da mesma forma que não são os culpados de todos os nossos males, não são os responsáveis por todas as nossas alegrias. Não podem ser, nisto sou absolutamente inflexível! Por isso sejamos felizes, no dia-a-dia, enquanto Pessoas: Pessoas que trabalham, ou estudam, e namoram, e estão casadas, e têm hobbies, e interesses próprios, e dificuldades, e dificuldades, e, sobretudo, um potencial Enorme para Viverem a Vida da Melhor forma possível!

Joana Pires



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