Várias vezes se fala na forma como os miúdos brincam, seja porque há a preocupação com a gestão da quantidade de brinquedos, que brinquedos, a “violência” no brincar, a frequência dos jogos de computadores ou playstations, com a televisão, etc. Deixo a especificidade das brincadeiras para outra altura, hoje centro-me no Brincar como exercício fundamental de criar e experienciar a realidade.
A meu ver, as brincadeiras dos miúdos vão variando com os tempos, com as modas dos desenhos animados, dos brinquedos à venda nas lojas, com os livros a que têm acesso, etc. De qualquer forma, brincar continua a ser brincar, transversal a todos os tempos. E acho este movimento de brincadeira muitíssimo importante, das coisas mais importantes para as crianças (de mão dada com o Amor e os Afectos).
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Os miúdos, a partir de cerca dos 3 anos, brincam muito a fantasiarem-se como adultos, ou como personagens especiais, com poderes também especiais: as fadas, as princesas, as professoras, os bombeiros, os homens-aranha, os construtores… E isto é absolutamente essencial, porque é assim que eles vão experienciando e interpretando o mundo, vestindo-se como pessoas (que são!) integrantes e activas! Imaginam-se, sentem-se e criam brincadeiras à imagem do seu ideal! Há coisa mais poderosa do que esta? Conseguirmos sentir mesmo que temos super-poderes? E que somos bons, eficazes e felizes a desempenharmos determinado papel, determinada função? A isto chama-se função simbólica dos miúdos. Não me parece importante aprofundar o conceito; acho que o que importa é sabemos que é muito importante os miúdos terem esta capacidade de criar, de fantasiar e de experienciar o que lhes passa pela imaginação.
No entanto, nos dias de hoje e na forma como o nosso quotidiano (dos adultos) está desenhado, com a facilidade de se comprarem os brinquedos já todos inventados e prontos a usar, sem ser preciso pensar muito, acho importante estarmos atentos a se os nossos miúdos utilizam esta capacidade de fantasiar e vivenciar essa fantasia (que certamente têm). Se nos parecer que não, podemos sempre mostrar-lhes que ela existe! Podemos criar brincadeiras de faz-de-conta com eles - nós somos um super-herói, eles são outro; podemos agarrar nos brinquedos e objectos e dar-lhes utilidades completamente diferentes: um cesto para revistas pode ser as costas de um caracol, e passamos a ser um caracol; um lenço às costas pode ser uma capa de um super-herói ou de uma fada; os nossos (ou deles) joelhos dobrados podem ser excelentes rampas para os carrinhos, ou escorregas para bonecas; …
E esta é uma forma divertida e eficaz de nós próprios, graúdos, exercitarmos a nossa inata capacidade de criar, de fantasiar e de concretizarmos essas criações e fantasias! É bom, é libertador, é inesperado, porque estamos em interacção com seres que têm uma fonte (quer a conheçam quer não) enormíssima de imaginação! E para eles é importante haver tempos em que nós brincamos com eles, à séria!
Ao mesmo tempo, esta é uma forma muito eficiente de conhecermos os nossos filhos: os “maus” de que eles se vão querer afastar são personagens/animais que, de alguma forma, os assustam; a forma como utilizam os seus poderes, de fadas ou super-heróis, espelham a forma como põe em acção a resolução das suas dificuldades ou concretização dos seus desejos.
Mas, sobretudo, esta pode ser uma forma de Brincarmos com eles e nos divertirmos! Vamo-los conhecendo melhor, e vamo-nos conhecendo melhor também, dando espaço ao nosso processo criativo, num movimento de construção e partilha de Amor e Brincadeira com os nossos miúdos!
Joana Pires
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