Em contexto profissional, quando conheço os pais das crianças com quem vou trabalhar, pergunto frequentemente “Quais é que acha que são as facilidades e qualidades, e as dificuldades e defeitos do seu filho/a?”. E os pais ficam muito aflitos, não sabem o que responder e recorrem sempre ao desempenho escolar dos seus filhos.
Isto já me aconteceu várias vezes e é transversal a várias idades, contextos sócio-económicos e educacionais.
Hoje, num destes encontros, voltou a acontecer. O que me levou a pensar? Será que dizemos às nossas crianças no que é que elas são mesmo boas a fazer? Será que lhes dizemos o quanto lhes achamos graça, o quanto ficamos orgulhosos delas em várias situações, o quanto elas iluminam a nossa vida?
Vou vivendo e vou cada vez mais tendo a sensação que não é espontâneo em nós elogiarmos quem nos rodeia, ou dizermos que gostamos deles. Refiro-me sobretudo à relação entre adultos, mas também com as crianças.
Sobretudo quando sentimos a imensidão de Amor que sentimos pelas nossas crianças, como tal sentimento é tão grande, assumimos que, como seria óbvio, elas o sabem existente e imutável em nós. Não é completamente verdade.
Voltemos a fazer o exercício de pensar em voz alta nas coisas. A nós, adultos, sabe-nos muito bem ouvir um “amo-te” ou “gosto muito de ti”, ou um elogio de um colega ou chefe de trabalho, ou de algum familiar. E nós, crescidos, temos a capacidade de encontrarmos o Amor em gestos e comportamentos (se ela me telefona é porque gosta de mim, se ele está casado comigo é porque gosta de mim, se me voltaram a contratar é porque gostam de mim…). As crianças não sabem isto, não vêem isto.
O meu pensamento hoje foi: Quantas vezes ao dia elogiamos as nossas crianças? Quantas vezes lhes dizemos o quão estamos felizes por estarmos com elas? E quantas vezes lhes dizemos que estão a fazer disparates? E quantas vezes lhes dizemos que nos estão a cansar, e irritar, e a chatear?
Temo arriscar que o balanço é bastante desequilibrado! Mas não somos más pessoas por isso, de todo, deixemos a culpa de lado porque só atrapalha. Mas podemos começar a pensar nisso, apenas isso.
As crianças aprendem com o nosso comportamento, não com o que lhes dizemos que é bonito ou ajustado fazer. Se temos crianças que não ouvem incentivos, elogios e palavras de amor constantemente, como é que queremos que elas tenham esses comportamento connosco, ou com os colegas, ou quando crescerem? É pedir-lhes demasiado, não é?
Tenho a profunda convicção de que é o amor que nos move, sempre; que nos deixa as doces memórias dos afectos; que nos faz sentirmo-nos válidos e tentarmos concretizar os nossos sonhos; que nos faz sorrir, e que quanto mais sorrimos, mais sorrisos recebemos de volta! E é tão mais feliz e divertido viver assim!
Joana Pires
Gostei muito deste teu texto...Beijinhos
ResponderEliminarBem vinda, Parabéns e OBRIGADA por esta partilha! Já me fizeste pensar na vida! Volto mais vezes.
ResponderEliminarBeijos nossos