terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Cães de Raça vs Pessoas de Raça

A propósito de um e-mail falso que circula há anos na net e que recentemente voltou a circular, lembrei-me o quanto vale um cão de raça perante um sem raça!

O dito e-mail tem o título alarmante: "GOLDEN RETRIVIER PARA DAR - Vão ser abatidos", e todos os que lêem ficam imediatamente com pena dos pobres cães de raça... Ficarão também quando recebem as dezenas (ou mesmo centenas) de apelos de cães rafeiros para dar que, esses sim, irão ser abatidos?

Não quero acusar nem julgar ninguém mas não posso ficar indiferente a tamanha injustiça, indiferença, frieza e capacidade de selecção de algumas pessoas. Compreendo que não queiram repassar e-mails de pedidos de apelo para os cães, que não queiram sequer saber de cães, ou gatos ou o que for.... O que me choca é que essas mesmas pessoas desatem a reeviar, a publicar no facebook um apelo de cães em risco de ser abatidos só porque são de raça!!! Afinal pergunto eu quanto vale um cão de raça perante um humano sem raça?

Não quero também ofender ninguém, só quero que pensem um bocado sobre isto e se perguntem a si mesmo qual o critério para salvar um cão de raça em detrimento de um sem raça?

Eu mesma já me perguntei qual a diferença entre um cão com raça e outro sem raça e ainda entre ambos e as pessoas sem raça, após um estudo exaustivo, cansativo e quase académico descobri:

1. Os cães de raça são caros e custam dinheiro, logo dão status (isto está sociológicamente estudado) - As pessoas sem raça podem ou não ser caras, não há dados relevantes sobre isso;

2. Há ainda os que falam das características do animal, pergunto, para além dos criadores, dos pastores e de quem não quer gastar dinheiro num alarme, quem quer saber disto? Os vaidosos! (E olhem que eu sou muito vaidosa: Acho os meus rafeiros lindos e ficam mesmo bem comigo!) - As pessoas sem raça têm características que ninguém iria gostar de ler aqui...

3. Os cães de raça roem tudo quando são bébés.... Os sem raça também! - As pessoas sem raça roem tudo em qualquer idade...

4. Os cães de raça ladram... Os sem raça também! - As pessoas sem raça não ladram mas mordem....

5. Os cães de raça fazem chichi.... Curioso... Os sem raça também! Ainda mais curioso...As pessoas sem raça também!

6. Os cães de raça, como já devem calcular, fazem também outras necessidades fisiológicas mais sólidas... Os sem raça também! - As pessoas sem raça também!

7. Os cães de raça são giros.... Os sem raça também! - As pessoas sem raça até podem ser giras por fora mas por dentro são feias!

8. Os cães de raça são fiéis... Os sem raça também! - As pessoas sem raça não!

.... Isto está-se a tornar repetitivo.... Mas há mais semelhanças...

9. Os cães de raça amam-nos incondicionalmente... Os sem raça também! - As pessoas sem raça não têm capacidade de amar!

10. Ambos estão à mercê de pessoas sem raça que os abandonam, que abusam deles, que os mal-tratam e que ao fazê-lo estão maltratar-se a si e aos seus semelhantes, não é possível amar ninguém, nem a si próprio, sem se ter respeito por todo o Universo, animais incluidíssimos (não sei se esta palavra existe, mas é a mais apropriada aqui)!

Como podem concluir sou contra a compra de animais, há demasiados abandonados que necessitam de nós e que estão prontos para nos amarem e agradecerem o resto das suas vidas! Se nunca na vida compraria um cão? Compraria, aliás tenho a esperança de isso venha a acontecer (Utopia, chamar-lhe-ão alguns), mas eu acredito: Vou comprar um cão lindo e maravilhoso como só um cão sabe ser no primeiro dia em que não existirem cães abandonados!

Não sou contra os cães de raça, nem sou contra as pessoas sem raça, mas desde já vos digo, em jeito de segredo que amo muito todas as pessoas com raça deste mundo que lutam incondicionalmente por todos os cães sem raça deste mesmo mundo! A elas todo o meu amor e homenagem!!! Obrigada! Outras pessoas com raça que optam por ajudar de outras formas, tendo ou não um cão, ajudam com pequenas contribuições que podem ir desde um saco de ração a simplesmente não mal-tratar um animal!

Quanto a e-mails que circulam sem fim à vista, façam uma coisa, quando receberem e-mails deste tipo, antes de os reenviarem como se não houvesse amanhã, confirmem a sua veracidade, estarão a ajudar muita gente!!

E pensem bem se valerá a pena, qual o valor acrescentado para as vossas vidas e para as vidas de todos os seres do Universo que precisam de ajuda, fazer diferenciação entre Raça vs Rafeiro, valerá mais uma vida que outra? Tentem vendar os olhos e fazem uma festa num cão de raça e num sem raça e depois digam-me qual a diferença que encontraram!

Bem haja a todos e acreditem, que eu acredito também, que as pessoas sem raça são tão poucas que em breve eu irei comprar o meu cão!

Ana Fonseca

Ps: (Atenção que não estou a chamar pessoas sem raça a quem publicou este apelo quando nunca o faz com outros apelos, a essas pessoas só peço que pensem na diferença ou semelhança entre ter ou não ter raça e qual a importância disso quando se escolhe ajudar um ser! - Eu gostava que isto ficasse muito claro! Pessoas sem raça são as que abandonam e mal-tratam os animais sob que forma for).

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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O Brincar nos miúdos! (e em nós!)

(Obrigada pela sugestão, Marta!)

Várias vezes se fala na forma como os miúdos brincam, seja porque há a preocupação com a gestão da quantidade de brinquedos, que brinquedos, a “violência” no brincar, a frequência dos jogos de computadores ou playstations, com a televisão, etc. Deixo a especificidade das brincadeiras para outra altura, hoje centro-me no Brincar como exercício fundamental de criar e experienciar a realidade.

A meu ver, as brincadeiras dos miúdos vão variando com os tempos, com as modas dos desenhos animados, dos brinquedos à venda nas lojas, com os livros a que têm acesso, etc. De qualquer forma, brincar continua a ser brincar, transversal a todos os tempos. E acho este movimento de brincadeira muitíssimo importante, das coisas mais importantes para as crianças (de mão dada com o Amor e os Afectos).

Os miúdos, a partir de cerca dos 3 anos, brincam muito a fantasiarem-se como adultos, ou como personagens especiais, com poderes também especiais: as fadas, as princesas, as professoras, os bombeiros, os homens-aranha, os construtores… E isto é absolutamente essencial, porque é assim que eles vão experienciando e interpretando o mundo, vestindo-se como pessoas (que são!) integrantes e activas! Imaginam-se, sentem-se e criam brincadeiras à imagem do seu ideal! Há coisa mais poderosa do que esta? Conseguirmos sentir mesmo que temos super-poderes? E que somos bons, eficazes e felizes a desempenharmos determinado papel, determinada função? A isto chama-se função simbólica dos miúdos. Não me parece importante aprofundar o conceito; acho que o que importa é sabemos que é muito importante os miúdos terem esta capacidade de criar, de fantasiar e de experienciar o que lhes passa pela imaginação.

No entanto, nos dias de hoje e na forma como o nosso quotidiano (dos adultos) está desenhado, com a facilidade de se comprarem os brinquedos já todos inventados e prontos a usar, sem ser preciso pensar muito, acho importante estarmos atentos a se os nossos miúdos utilizam esta capacidade de fantasiar e vivenciar essa fantasia (que certamente têm). Se nos parecer que não, podemos sempre mostrar-lhes que ela existe! Podemos criar brincadeiras de faz-de-conta com eles - nós somos um super-herói, eles são outro; podemos agarrar nos brinquedos e objectos e dar-lhes utilidades completamente diferentes: um cesto para revistas pode ser as costas de um caracol, e passamos a ser um caracol; um lenço às costas pode ser uma capa de um super-herói ou de uma fada; os nossos (ou deles) joelhos dobrados podem ser excelentes rampas para os carrinhos, ou escorregas para bonecas; …
E esta é uma forma divertida e eficaz de nós próprios, graúdos, exercitarmos a nossa inata capacidade de criar, de fantasiar e de concretizarmos essas criações e fantasias! É bom, é libertador, é inesperado, porque estamos em interacção com seres que têm uma fonte (quer a conheçam quer não) enormíssima de imaginação! E para eles é importante haver tempos em que nós brincamos com eles, à séria!
 Ao mesmo tempo, esta é uma forma muito eficiente de conhecermos os nossos filhos: os “maus” de que eles se vão querer afastar são personagens/animais que, de alguma forma, os assustam; a forma como utilizam os seus poderes, de fadas ou super-heróis, espelham a forma como põe em acção a resolução das suas dificuldades ou concretização dos seus desejos. 
Mas, sobretudo, esta pode ser uma forma de Brincarmos com eles e nos divertirmos! Vamo-los conhecendo melhor, e vamo-nos conhecendo melhor também, dando espaço ao nosso processo criativo, num movimento de construção e partilha de Amor e Brincadeira com os nossos miúdos!

Joana Pires




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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Lutar...

Ontem, simplesmente ontem, numa conversa banal, depois de tantas vezes já ter ouvido e provavelmente utilizado a mesma expressão, as mesmas palavras, o mesmo sentido, é que me fez franca confusão o termo “lutar”, como tantas vezes o utilizamos, e tão orgulhosamente!
Alguns de nós lutam pela Vida; outros lutam pela garantia do Trabalho; outros lutam pela Saúde; pelo Amor; pelos Outros; pelos Valores; …

Alguma coisa não se encaixa nesta forma como tão pacífica e orgulhosamente utilizamos esta expressão. Todos sabemos quando a utilizamos de formas diferentes: um lutador é aquele que luta; ok; lutar é uma coisa “feia” (dizemos nós às nossas crianças); ok; passadas 2 horas estamos-lhes a contar como orgulhosamente Lutámos por qualquer coisa na nossa vida; ok??, e ainda lhes dizemos “luta pelos teus sonhos!”. Não sei se concordam, mas para mim há qualquer coisa aqui de profundamente incongruente.

Porque é que temos de Lutar por estas coisas todas? Porque é que foi esta a expressão, algures no tempo e por alguém, escolhida para coisas tão cruciais na nossa vida?
(Partilho convosco um velho hábito. Quando me assola uma dúvida deste ou de outros géneros, recorro ao Dicionário da Língua Portuguesa - assumo que senhores que escreveram tantas palavras juntas, são muito sabedores!)
- Lutar: travar luta; combater; esforçar-se.

Não faz muito sentido, pois não?

E isto leva-me a pensar na quantidade de outras palavras (intimamente relacionadas com a forma como nos pensamos a nós e ao mundo!) que utilizamos, com esta força tão… No mínimo, desgastante!

Porque é que não dizemos que queremos viver e nos entregamos à vida? Em vez de Lutarmos pela Vida?
Porque não dizemos que nos dedicamos alegremente ao trabalho? Em vez de Lutarmos pelo Trabalho?  
Porque não dizemos que queremos atingir a nossa saúde, e por isso vamos fazer X, Y e Z? Em vez de Lutarmos pela Saúde?
Por que não dizemos e decidimos que queremos diariamente experienciar o Amor? Em vez de Lutarmos pelo Amor?
Por que não decidimos exercitar, praticar diariamente os nossos valores? Em vez de Lutarmos pelos Valores?

Temos mesmo de Lutar por tudo isto?!

Até os Sonhos! Como é possível lutarmos por sonhos? Pelos nossos? Que nascem em nós e que são “nossos”, por direito Divino, moral, …? Como?
Sobretudo, a perspectiva de que a vida tem muita “luta”, ou dá muita “luta”, ou exige muita “luta”, é-me altamente cansativa.

Escolho pensar e sentir de outra forma, não é esta a realidade que sinto fazer sentido para mim.

Tenho uma Vida repleta de pequenas coisas, que agradeço constantemente.
Tenho um Trabalho para o qual vou com Alegria, fazendo o Melhor que sei.
Tenho uma Saúde que prezo em manter.
Alimento o Amor em Mim, por Mim e pelos Outros.
Experiencio e pratico diariamente os Valores em que acredito.

Escolho não Lutar pelo Amor: Experiencio e Agradeço o Amor.
Escolho não Lutar pela Saúde: Cuido-me da forma mais saudável que consigo e Agradeço a minha Saúde.
Escolho em não Lutar pela Paz: Pratico a Paz em mim e com os que me rodeiam.

Se todos fizéssemos isto e deixássemos de lutar; se nos mantivéssemos a Ser, a Fazer, a Experienciar;

Seria muito menos cansativo, não acham? Menos cansativo e muito mais produtivo, tenho esta séria convicção!

Desde o dia de ontem, ouvir esta expressão “abanica” os meus sentidos. O hábito de falar sem pensar, ou de utilizar expressões sem as questionar, também mora em mim. Mas a partir do momento em que se pensa em qualquer coisa e há movimento para a mudança, a mudança já se está a instalar. Já se instalou em mim. Agora é continuar a caminhar, o mais descansadamente possível!


Joana Pires


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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Folheto carinhosamente informativo, para vocês!

Folheto carinhosamente informativo, para vocês!
Espero que estejam bem, memo com estes dias de frio e chuva. Também têm coisas boas, não têm?
Primeiro que tudo, reparem no lado direito do blog, no texto “acerca de mim”, e verão que já lá está o nosso e-mail! A minha irmã insistia que o e-mail já estava facilmente acessível; mas eu, muito pouco célere nestas andanças (como já sabem!), não o conseguia encontrar. Então sugeri à mana que o colocasse aqui ao ladinho, sem ser preciso carregar, e clicar, e não sei quê. Ei-lo! Obrigada, Ana.
 E porque nunca o tinha encontrado antes, para mim ele é novo na nossa casa, Bem-vindo, endereço de e–mail! Assim, espero que para pessoas como eu, que eventualmente até nos quisessem contactar e não tenham conseguido, as coisas fiquem mais facilitadas. Ficamos à espera das vossas palavras.
Outra novidade, a propósito do alerta de uma amiga e leitora do nosso blog, é que já está mais facilitado o processo de deixar comentários directamente no blog. Obrigada, Marta, por nos teres ajudado a ficarmos mais contactáveis! E obrigada, Ana, por o teres tornado possível.
Quero ainda agradecer os elogios e carinho que temos recebido; o facto de “reclamarem” quando demora mais a sair outra publicação. É mesmo muito importante, acreditem! Cada vez que recebo um feedback destes, fico com o coração deliciosamente aquecido! Obrigada!
Agradeço também as sugestões que nos têm chegado. Para mim significam muito, faz-me sentir que o blog está em movimento, que é partilhado e construído por todos nós, que abre portas em todos nós, porque nascem ideias. Ainda não correspondi a nenhum dos 3 pedidos que tenho até agora (Obrigada Marta, Teresa e Ana Q.). Quero-vos dizer que não é por me esquecer deles ou não ter vontade de escrever sobre os vossos temas, de todo. O que acontece é que eu escrevo à “espirro”! Ou seja, começam a nascer palavras, eu sento-me, e vai tudo de uma vez. Eu sinto-o mesmo como um espirro (um bocadinho longo, é certo, sem ranhoca, mas espirro à mesma!). A semente das vossas sugestões já foi plantada em mim, está cá, e quando ela nascer da terra (neste caso, do meu coração!), o texto está cá fora!
Dentro de poucos dias teremos outra publicação!
Bem-Hajam e sejam Muito Felizes!
Até breve!
Joana Pires


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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Liberdade, Poder, Responsabilidade...

Hoje, como quase todos os dias, cá vim eu ao nosso blogue. Passo os olhos pelos textos, já como objectos exteriores a mim. Já nasceram, já não são só meus. São nossos e só assim faz sentido existirem. Constato que ultimamente tenho falado muito sobre nós, os graúdos. Não é por acaso - nada é, não é verdade? Mas, neste caso, não é por acaso porque ando numa fase em que tenho pensado muito em mim, enquanto graúda. Ora isso salta naturalmente cá para fora.
Falei-vos, no último texto, no Desafio de nos conhecermos a nós mesmos, no que gostamos, no que queremos, nos sonhos que temos. Eu acredito muito na eficácia deste constante conhecimento de nós, acho que só assim é que conseguimos ser felizes o mais longo período de tempo possível. Chegamos ao “sempre”? Talvez, eu ainda não cheguei lá, ainda estou a percorrer o caminho!
Mas o que hoje quero partilhar convosco é o que acredito ser a nossa máxima Liberdade e, ao mesmo tempo, Poder e Responsabilidade.
Vou falando disto recorrentemente, porque é na fase que me sinto estar e na qual me tem sido tão importante reflectir.
Liberdade de estarmos connosco, com os outros e com a Vida da forma que quisermos;
Poder para escolhermos os nossos comportamentos e a forma como pensamos;
Responsabilidade pela forma como usamos, ou não usamos, a nossa Liberdade e Poder.
É fácil e rápido pensarmos que não temos nenhuma das 3. Tudo pode ser colocado fora de nós: o tempo; a situação do país; a nossa entidade empregadora; X ou Y que nos irritou logo pela manhã; a infância; a adolescência …
Mesmo com todos os cenários mais negros reunidos, tenho a profunda convicção de que continuamos a ter a nossa Liberdade, o nosso Poder e a nossa Responsabilidade. Em quê? Em tudo, mesmo. Nas coisas mais pequeninas, mas que é o que constrói as coisas grandes. O que se passa em mim, na minha cabeça, no meu coração, diz respeito a quem? “A X ou Y que me magoou”. Ok, mesmo que tenha magoado, já aconteceu, já foi lá atrás no tempo. E agora, neste momento, o que é que eu Escolho fazer? Continuar a “matutar” nesse e noutros acontecimentos, ou tentar apreciar o efeito da chuva? Os raio de sol que entretanto aparecem e nos sabem tão bem, mesmo sem darmos conta? A diversidade de cores na natureza que o Outono traz? A facilidade com que as crianças se divertem, quer chova quer faça sol? A cama quentinha que me acolhe todas as noites, e protege e reconforta?
Este é um Desafio constante para mim, um dos Desafios de que vos falei no último texto. Vou aprendendo, a cada dia, a fazer. Mas vou tentando, não paro de o fazer.
Ocorre-me que se possam questionar se tudo me corre exactamente como eu desejo. Não, não corre. Tenho tido imensos desafios, e leia-se (neste caso) desafios como situações que me são difíceis e que eu tento Viver, desta forma que tenho partilhado convosco e que escolho ser a Minha forma de Viver. Quando tudo corre exactamente como eu desejo; quando tenho situações confortáveis e conhecidas, pôr estas coisas em prática é relativamente fácil. Tudo flui, mesmo. O Desafio é manter estas crenças e valores (que acredito que com o tempo passam a ser constantes e naturais formas de estar e sentir) quando as coisas “apertam”. Esse é um dos Desafios. Tem sido o meu, nalgumas ocasiões.
Vejam se vos faz sentido: há coisas que não são exactamente como eu gostava; ok. Posso fazer alguma coisa para mudar isso? Não, penso, penso, e nada me ocorre. Então ok, deixo estar, peço aos meus Anjos e Deuses (cada um pedirá a quem ou ao que quiser) que me iluminem o caminho. E vou continuando, a ver as tais coisas bonitas, a agradecer o que identifico como fantástico na minha vida: tenho saúde, as pessoas que me rodeiam também, tenho-lhes amor, recebo delas amor, tenho uma casa que me abriga, me acolhe, tenho a possibilidade de tomar um banho quente todos os dias, de comer, … Isto não é um discurso de “já estou satisfeita, não quero mais nada”. Não, quero mais coisas, sim, há muitos sonhos que quero realizar. Mas isso não significa que não dê o valor que estas coisas merecem! Caramba, são mesmo tão importantes! Sem elas, nada daquilo que nos preocupa hoje faria sentido, porque essas coisas nos absorveriam na totalidade! Para além das coisas de que falei, há coisa melhor do que os beijos e abraços dos nossos filhos? Ou das crianças que nos rodeiam e são o exemplo concreto de que tudo é tão simples? Ou de alguém que amamos, e que nos ama da mesma forma?
Não há, acredito mesmo nisto.
Se vivermos ao nosso ritmo, e nos respeitarmos sempre, e acreditarmos em nós, e nos outros, e na vida, as coisas vão ao seu lugar, todas as coisas! Porque o movimento natural da Vida é o equilíbrio, é o bem-estar. E nós sabemos disso, sabemos, cá dentro! Só precisamos de, volta e meia, ir ao nosso baú recordar estas velhas e intrínsecas sabedorias! E acreditar que elas são verdadeiras! Sempre!
Porque são mesmo.

Joana Pires


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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Desafio...


Desafio!
Tenho pensado várias vezes no enorme Desafio que acho que, nos dias de hoje, todos enfrentamos. Não, não é por causa da crise, já vos falei de como esse tema me aborrece. É por causa daquilo que somos, cá dentro, e, com isso, encaixarmo-nos no mundo que temos cá fora.
O Desafio começa logo em sabermos quem somos, o que queremos da nossa vida. O mais fácil é definirmo-nos pelo nosso nome, a nossa idade, pelo nosso estado civil, pela nossa profissão. “Olá, eu sou a Joana, tenho 30 anos, sou divorciada e sou psicóloga”. De vez em quando, dependendo do contexto, lá acrescentamos se temos filhos ou não. A mim isto acontece-me frequentemente, não sei se a vocês também. Em qualquer encontro de grupo, em que seja pedida uma apresentação, lá vamos nós. E um dia dei por mim a pensar: bolas, isto é “muita poucochinho!” E será que estes dados me definem?! Acho que não. Sim, definem em certa medida, mas… Interessa mesmo a nossa idade? E o nosso estado civil? E mesmo a nossa profissão? Não sei, acho que não. Porque acho que, para a grande maioria das pessoas, nada disto as define mesmo, lá dentro.
A idade é a do B.I., ok; mesmo que às vezes nos sintamos mais velhos ou mais novos. Partilho convosco que eu tenho muitas características ditas dos idosos: incomoda-me imenso música alta, seja a que for; não gosto de ambientes com muita gente, muito barulho., muitas luzes; não gosto de me deitar tarde, no dia seguinte fico a sentir-me meio dormente; não gosto de comer muito à noite, tenho dificuldade na digestão,… Com esta descrição, arriscamos quantos anos? 70 aninhos e não se fala mais nisso? Acho que seria por aí! Ou então 18, porque já nesta altura era assim. Ou 30, que é a minha idade! É tudo tão intrínseco a nós, não é? Tenhamos a idade que tivermos!
E depois a profissão, outra daquelas coisas a que todos damos imensa importância. “Gostei de X ou Y, o que é que ela faz?”. Isto sai-me da boca com frequência. Porque é que isso me interessa? Para quase nada, realmente. Se alguém é secretária/o, mas gostava mesmo era se ser bailarina/o, a profissão diz-me alguma coisa sobre a pessoa?
Imaginem que hoje em dia conhecíamos alguém, dávamos as duas beijocas ou o aperto de mão da praxe, e perguntávamos: quais são os teus sonhos? O que é que te faz rir às gargalhadas? O que é que te comove? O que é que mais te custa no mundo?
Era um enorme Desafio! Era um Desafio fazer a pergunta, mas sobretudo saber quais as respostas! Sobretudo assim, de repente. Eu teria dificuldade, como imagino que todos nós. Mas não seriamos mais felizes se nos pensássemos e sentíssemos mais? E se uns com os outros tivéssemos o mesmo movimento? Eu acredito veementemente que sim.
Eu ainda me estou a descobrir. Mas assumir este desconhecimento sobre nós, a nossa vida, a vida dos crescidos, é às vezes tido como imaturo, ou “achónezado”! E creio que há muitos adultos, muitos, mesmo muitos, que também não sabem muitas das coisas importantes, mas que têm vergonha de dizer. Porque já somos crescidos, e os crescidos sabem quase tudo, e… E, sobretudo, quando não sabemos, sentimo-nos sem chão. Eu sinto-me, quando não sei qualquer coisa que me é importante, quando não sei que caminho escolher e como fazê-lo.
Mas embora o desconhecido nos dê um apertozinho no estômago, o não saber também significa abrirem-se portas para infinitas possibilidades, o que é óptimo! Custa assumir que não se sabe, mas depois somos recompensados pelo alívio das várias hipóteses que se nos surgem, e que nos dão um entusiasmo imenso! Porque até nem tínhamos pensado naquele caminho!
E vamos sabendo, à medida que vamos caminhando, e vivendo, e sentindo. Vamos sabendo, se nos dispusermos a pensar nisso, a não viver de forma maquinal e automática; a não viver como se não fossemos nós os condutores e decisores da nossa Vida.
Eu já vou sabendo (com persistência, paciência e perseverança!) de algumas coisas que, cá dentro, bem “dentrinho”, gosto de fazer.
Escrever-vos/nos é uma dessas coisas! IÉÉ!
Joana Pires


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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Graúdos versus Miúdos!


Graúdos versus Miúdos!
Nós, graúdos que nos relacionamos com miúdos, frequentemente, ou todos os dias, temos muitas dúvidas: como é que devemos fazer, e falar, e responder, e impor regras, e sermos equilibrados, e …
Não existem respostas lineares ou verdades absolutas. Aquela coisa do “depende do caso” é muito irritante, porque não nos esclarece em coisa nenhuma, mas é o que acredito ser a verdade. Depende, mesmo.
Há coisas que são tidas como as mais acertadas de fazer, por experiência, por estudo, por constatação. Mas mesmo dentro dessas coisas, há pessoas que acreditam mais numas do que noutras, mesmo entre profissionais. A opinião que vos vou deixando aqui é a minha, naturalmente baseada naquilo que sou como pessoa e na minha forma de estar profissionalmente. Fará sentido a alguns, mas não certamente a todos.
Também por isto é que tenho pensado no que é que acho verdadeiramente importante na nossa postura face aos miúdos. E vou fazer uma coisa que é raro fazer, mas que me apetece neste texto: uma listinha, daquelas organizadas, com uns pontinhos todos janotas, que nos ajudam à brava a tornar tudo mais simples.
§       Agirmos com Amor, o maior número de vezes que conseguirmos. – Agir com Amor significa, muitas vezes, ralharmos e dizermos não. Depende da forma como o fazemos, se estamos cientes e controlados na nossa atitude, ou se já perdemos a cabeça e já vai tudo à frente. É diferente, mesmo na forma como damos a palmada! E eles sentem e sabem a diferença (e nós também!)
§       Sermos claros nas nossas regras. – Aquilo que não admitimos ou admitimos hoje, tem de ser o mesmo que acontece amanhã. A nossa permissão ou não face aos comportamentos das crianças não se deve alterar consoante a nossa disposição; é importante que eles saibam o que podem ou não fazer connosco, independentemente de nós, graúdos, estarmos com mais ou menos paciência. Se eu costumo deixar a minha criança saltar no sofá, se há um momento em que mudo essa regra, convém explicar porquê, muito bem explicado, porque eles são uma esperteza no que toca à coerência dos argumentos, como todos sabemos!
§       Sermos transparentes e honestos. – Isto facilita imenso! Os miúdos são espertos, muitas vezes muito mais do que nós. Eles sabem quando lhes estamos a dizer alguma coisa que é mentira, ou na qual não acreditamos; eles sentem, vêem nos nossos olhos. E o que acontece, muitas vezes, é que ficam zangados connosco. Porque deixam de confiar em nós. E um adulto tem, acima de tudo, de ser confiável! Somos nós que lhes damos a segurança de que podemos viver sem medo, de que está tudo bem. Se lhes mentimos, como é que eles vão ter a certeza de que quando dizemos a verdade é mesmo verdade? Não vão, vão estar sempre a desconfiar. E desconfiar, para uma criança, é viver insegura. E sermos honestos quando erramos com eles, peçamos-lhes desculpa (como queremos que eles façam connosco e com os outros); Quando nos fazem perguntas que não sabemos, admitimo-lo; Quando nos contam acontecimentos das suas vidas que nos deixam de coração apertado, partilhemos humildemente da sua dor, sem inventar desculpas nas quais não acreditamos nem nos fazem nenhum sentido.


§       Não nos culparmos. – Quando temos uma atitude para com eles da qual nos arrependemos, ou se estivermos numa fase em que achamos que somos pais pouco perfeitos/péssimos (acho que nos acontece a todos!), tentemos pensar nas coisas sem culpa. Fazemos o melhor que podemos e sabemos, não tenhamos dúvidas. É verdade que o nosso melhor nem sempre é grande coisa; sim, é verdade. Mas há muitas vezes, a grande maioria, em que somos fantásticos, e nem nos apercebemos disso! Mas nos momentos em que sabemos que fomos menos felizes numa atitude, temos a capacidade de pensar nas coisas e alterá-las, se quisermos. Irmos alterando, porque nada é automático, é sempre um processo.
§       Irmo-nos pensando enquanto educadores. – Pensarmos o que queremos de nós enquanto pais, enquanto educadores; como é que queremos recordar-nos, enquanto pais, quando os nosso filhos já forem homens e mulheres; como é que queríamos, ou sonhamos, que seja o nosso dia-a-dia com os nossos filhos; o que é que estamos a fazer para o conseguir; o que é que é mais importante para nós que os nossos filhos sejam? Felizes? Bem sucedidos? Inteligentes? Bem-Educados? Desenrascados? Sociáveis? Doutorados? Realizados? Ricos? … Muitas das vezes, a forma como tratamos os nossos filhos reflecte os nossos desejos (nossos!) de como gostaríamos de os “moldar”, a maioria das vezes porque acreditamos que, dessa forma, eles serão mais felizes.
§       Sermos Felizes! – O mais que pudermos! Enquanto Seres, que aqui andamos. Quanto mais felizes formos, melhores pais seremos. Sem dúvida nenhuma. Por todo o Amor que tenhamos aos nossos filhos, eles são parte da nossa vida, não são a nossa vida! Quando se tornam a nossa vida, pomos-lhes em cima a responsabilidade enorme de nos fazerem felizes. Eles não têm essa responsabilidade, não é justo. Da mesma forma que não são os culpados de todos os nossos males, não são os responsáveis por todas as nossas alegrias. Não podem ser, nisto sou absolutamente inflexível! Por isso sejamos felizes, no dia-a-dia, enquanto Pessoas: Pessoas que trabalham, ou estudam, e namoram, e estão casadas, e têm hobbies, e interesses próprios, e dificuldades, e dificuldades, e, sobretudo, um potencial Enorme para Viverem a Vida da Melhor forma possível!

Joana Pires



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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Nós, os graúdos!


Nós, os graúdos!
A maioria dos meus textos tem sido sobre as crianças. Hoje quero falar de nós, os graúdos.
Hoje em dia, em qualquer encontro de pessoas, tenham os laços que tiverem entre si, acontece sempre alguém puxar o assunto da má situação económica que se vive, a tal “crise”, das dificuldades, do estado miserável do País, do Sócrates… E sei lá eu mais o quê, porque ao primeiro segundo de se começar essa conversa, eu desligo, já é automático. Porque é que desligo? Porque não me faz sentido, porque faço a escolha consciente de não ser parte desse jorrar de críticas, no exercício do meu mais alto poder enquanto o Ser: o da Liberdade de Escolha! Se há coisas criticáveis? Há. Se existem coisas com as quais não concordo, que me incomodam? Há. Se escolho falar delas, no vazio acto de simplesmente falar? Não. E não, porque sinto desconforto; sinto que estamos apenas numa atitude de crítica e, de certa forma, no justificarmos a nossa insatisfação e infelicidade internas na “má” situação externa. Isto não significa, de todo, que me recuse a partilhar, ou falar, ou estar, em momentos de dor.
O sofrimento existe, há situações difíceis e dolorosas para todos nós, em fases diferentes da vida. Todos sabemos como ele nos aperta e nos entorpece os sentidos. Sobre isso claro que temos de falar, e aí eu participo activamente. Mas porque estamos a falar de uma coisa concreta, que sentimos dentro de nós, que às vezes é tão grande que quase nos espanta como é que os outros não a conseguem logo ver!
O que me refiro é à crítica pela crítica. Percebem? Se eu falo nas dificuldades que eu tenho em pagar as minhas contas, e no pouco dinheiro que tenho para ir a sítios que me dão prazer, e comprar aquilo que eu gostava tanto, é uma coisa; se eu falo nos incompetentes que gerem o país, e nos não-sei-quê que enganam, e fazem, e acontecem, estou simplesmente a criticar – mesmo que, na maioria das vezes, essa crítica seja reflexo de um mal-estar interno da pessoa que está a criticar.
Já temos tantos desafios, graúdos que me lêem, tantos! Utilizemos o nosso tempo, seja de conversas, seja de partilhas, seja de pensamentos, com palavras, conteúdos ricos, produtivos, ternos! Falemos de nós, das nossas qualidades, dos nossos sonhos, das nossas dificuldades e preocupações; aproveitemos o amor dos outros, a sua presença, a sua atenção, para acrescentarmos uma lufada de ar fresco ao nosso Universo! Temos esse poder! Cada vez que falamos, as palavras saem de nós, ganham vida, ganham som. Já estamos a produzir algo de novo, nunca antes produzido daquela forma, naquele sítio, com aquele conteúdo! Bolas, isto é tão poderoso!
Já viram que apenas cada um de nós está com determinadas pessoas, aquelas horas, naqueles sítios? Nós somos os profissionais escolhidos para aquela função, que é só nossa; nós somos as únicas mães, os únicos pais, tios, tias, avós, daquelas crianças concretas; somos os únicos vizinhos a morar naquela casa, a nossa; temos um rosto que é só nosso; temos uma voz que é só nossa;…
E temos a capacidade de escolher a nossa forma de Ser, de Estar, de Existir! Com as crianças, com as nossas, com as dos outros; com os adultos, com os que nos são próximos, com os que não temos nenhum laço; com os animais, os nossos, os dos outros, os de ninguém; com a nossa Vida, em todas as suas vertentes!
Digo-vos com toda a sinceridade que, quando me apercebo disto, nestes momentos como este, chego a arrepiar-me! Porque nós somos Grandes, somos Únicos, e podemos fazer toda a diferença! Podemos mesmo! Podemos decidir agarrar em nós e decidirmos sermos compinchas da Vida, aproveitar as coisas fantásticas que ela tem; sermos compinchas dos semelhantes que vivem ao nosso redor; não nos cansarmos de dizermos “Amo-Te” aos mais próximos, não nos cansarmos de respeitarmos e sorrirmos aos mais distantes.
Mas sobretudo… Elogiarmo-nos, Amarmo-nos, a nós, Graúdos! Porque somos fantásticos, capazes de criar coisas fantásticas! Sinto isto com tanta veracidade…. Mesmo! Somos mulheres, mães, homens, pais, profissionais, estudantes, filhos, filhas, tios, tias, avôs, avós, amigas, amigos, cidadãos,… E fazemo-lo tão bem, mesmo! Não é sempre, mas é a maioria das vezes! Gerimos tudo, conseguimos desempenhar o nosso papel em tudo, mesmo que uns papéis melhor do que outros. Mas conseguimos!
No que me diz respeito a mim, é este o caminho, a Existência, que me faz sentido, que quero para mim. Não é fácil, mas também não é difícil. É preciso Paciência, persistência e perseverança! Às vezes dá preguiça, dá vontade de mandar tudo às couves. E mando, de vez em quando. Mas o que acontece é que acabo e começo os dias muito mais chateada, e infeliz, e vazia. Não compensa.
Por isso escolho. E começa logo ao acordar, com os pensamentos do que quero para o meu dia; com o olhar-me ao espelho e dar-me um sorrio cheio de incentivo e amor; do dizer um “Bom dia!” ao meu filho, e logo a seguir um “Gosto tanto de ti!”. São coisas simples, ditas pequenas, mas fazem tanta diferença! A mim têm feito, por isso é que as partilho convosco!
Bem-Hajam! E dêem-se um mimo! Um dos maiores é olharem-se ao espelho e agradecerem-se os Seres Fabulosos que são, a enorme quantidade de coisas fantásticas que fazem! Mas se não for este, dêem-se outro qualquer! Mas dêem, e Hoje!
P.S.- Aprendi isto e muitas outras coisas com a Louise L. Hay, sobretudo no livro “Pode Curar a sua Vida”. Para mim fez uma grande diferença na minha forma de Viver e Existir! Sou muito mais feliz Agora, de facto! Espreitem, se sentirem essa vontade.
Joana Pires


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domingo, 31 de outubro de 2010

As Regras e as Rotinas



As regras e as rotinas: duas das muitas vertentes do amor!
Tem-se falado muito em regras (os psicólogos gostam muito de falar disto!). Há pais que não concordam muito com elas, ainda com marcas profundas da educação repressora dos seus pais; há outros que as acham fundamentais; há outros que não ligam nem pensam muito no assunto; haverá outros que pensam outras coisas quaisquer.
Não sei como é quem me lê, mas dou-lhe a minha opinião e partilho os meus pensamentos.
Primeiro que tudo, muitas vezes se confunde regra com rotina. A confusão é plausível, mas convém realçar que são coisas diferentes. Regra está relacionada com disciplina, regulação, método. Rotina está relacionada com a estabilidade dos acontecimentos diários, quotidianos.
Cada um de nós tem os seus valores pessoais, morais, éticos, humanos, teóricos, etc. Estabelecemos as nossas regras de acordo com isso: numa família pode ser regra rezar antes da refeição; noutra pode ser regra descalçarem-se assim que chegam a casa; noutra pode ser regra não se comer carne; noutra… São inúmeras as regras que cada família tem, sejam elas pensadas ou não. Sejam que regras forem, a verdadeira importância, para as crianças, está na sua consistência, na sua constância. Ou seja, o que é regra hoje é também amanhã, ou daqui a 15 dias. Pode não se repetir todos os dias (não se vai ao supermercado todos os dias, por exemplo, mas a criança sabe que quando vai faz parte das regras não passar à frente de ninguém na fila, por exemplo).
As rotinas também variam em cada pessoa, em cada dinâmica familiar. Umas crianças tomam banho de manhã, outras à noite; umas comem sopa todos os dias, outras só de vez em quando; umas deitam-se às 21, outras às 22, … Seja como for, as rotinas são estabelecidas de acordo com o quotidiano e a forma de viver dos pais, as suas crenças, a sua disponibilidade, a sua forma de viver. Estas rotinas passarão a ser as rotinas das crianças.
Tanto umas como outras, são de uma importância enorme para as crianças, porque é a forma de elas sentirem o seu mundo seguro.
Façamos o exercício de nos pormos nos sapatinhos delas. Elas, que crescem a uma velocidade imensa, que têm o enorme desafio de lidarem com o seu crescimento e encaixarem-se neste mundo, se não tiverem esta estabilidade, o mundo fica a ser verdadeiramente ameaçador para elas! Mesmo! Porque nunca sabem o que esperar, como esperar, de quem esperar. É como se cada dia fosse um sobressalto, mesmo que sejam feitas coisas à partida “divertidas”.
A constância das regras e das rotinas fá-las sentir que o mundo é um lugar seguro, que há coisas que se mantém, que os adultos, sobretudo os pais, são uns valentes que tomam conta delas; porque quem põe limites e diz para onde é que elas devem/podem ir e em que momentos, demonstra que está atento, que toma conta delas, que as protege.
Naturalmente, as regras e as rotinas vão mudando, e é desejável que assim seja: adaptam-se ao próprio crescimento das crianças, às eventuais mudanças de vida e gostos dos pais, a circunstâncias variadas… Mas mesmo que mudem, é importante que existam sempre, com estabilidade. Estabelecê-las é uma forma de Amor, enorme. Porque nem sempre é fácil, nem sempre nos apetece, nem sempre facilita a nossa liberdade de “movimento”. Mas faz parte do Amor, creio-o mesmo.
Não é verdade que a nós nos orienta sabermos quais são as regras do nosso local de trabalho? E da circulação dos carros? E da nossa família? E não nos tranquiliza sabermos que àquela hora vamos entrar no trabalho, ou sair, e vamos fazer isto e aquilo, e vamos encontrar esta e aquela pessoa?
Às crianças também, mas em muito maior dimensão! À dimensão delas!
Joana Pires

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Os animais lá em casa...

A pedido de muitas famílias cá vai um texto meu...

O tema não é por acaso, para além de hoje a minha irmã (Joana) me ter dito: "Tens de escrever algo sobre isso" quando eu lhe perguntei ao telefone após a enxurrada de hoje: "E o cão? Coitadinho, como está?" em vez de, como considera ela e todas as pessoas "normais", perguntar como é que ela estava...

Não é que me preocupe mais com o cão do que com ela, nem que goste mais do cão do que dela, mas... Não sei, um cão é um cão e como cão que é tem de ir fazer as suas necessidades fisiológias à rua, mesmo no meio de um dilúvio, daí a minha pergunta... A resposta foi, como seria de esperar: "Está melhor que eu, que ando na rua à chuva e ele está em casa no quentinho da sua caminha!!!"

Pois o meu post de hoje também vai nesse sentido, o dito cão (que por acaso é o da minha irmã) tem casa, cama e está quentinho, mas no meio do dilúvio muitos outros estão na rua, ao frio e à chuva! É uma triste realidade da nossa sociedade que todos nós podemos e devemos ajudar a mudar, como?

De diversas maneiras, a melhor de todas é simples, ir a um site de uma qualquer associação de protecção aos animais e ajudar de alguma forma, eles têm lá muitas maneiras de ajudar! Desde a mais complicada (já vos falo sobre isso) que é adoptar um animal, ao apadrinhamento, voluntariado, doações de dinheiro e bens (por exemplo cobertores velhos que já não usam), comprar (agora pelo Natal é muito útil) produtos que eles têm à venda, etc... Experimentem!

Em relação ao adoptar um cão ou um gato... Pois eu, apesar de ter adoptado dois cães e de ser contra a compra/venda dos animais, não ando a "impingir" a toda a gente que adopte um cão ou gato, porquê? (E isto serve tanto para quem adopta como para quem compra)

Um animal é para viver connosco toda a sua vida. Dão imenso trabalho, são uma grande despesa, precisam de muita atenção, carinho, tempo e disponibilidade, os cães precisam de ir à rua, estejam 40º à sombra ou caia um dilúvio como o de hoje. Ao não ponderarem todos este pontos, quem acolhe um animal é um sério candidato a "desfazer-se" do mesmo!

As desculpas são sempre as mesmas:
1. O condomínio, senhorio, etc.. não permitem... - Pois bem, a lei portuguesa é muito clara sobre isto, nenhum condomínio ou senhorio pode opinar sobre o que tenho em casa. Os animais são considerados coisas pela lei portuguesa e como tal se ninguém pode opinar se posso ou não ter um móvel em casa o mesmo se passa com um animal, desde que este esteja conforme a lei (vacinado, que repeitemos o limite de número de animais, etc.). Para mais informações vejam http://www.lpda.pt/.
2. Engravidei... - E???? Quanto a esta acho que nem há justificação... Mas posso acrescentar que a Organização Mundial de Saúde concluiu que as crianças que nascem com animais em casa (cães ou gatos) têm menos, cerca de 90% de probabilidades de desenvolverem doenças respiratórias (asma incluída).
3. O meu filho é alérgico - médicos alergologistas dizem que a alergia aos animais (cães e gatos) é tão rara que dificilmente conhecemos alguém que as tenha!!! Surpresos??? Pois o que existe é alergia aos ácaros, onde há animais há mais ácaros, nada que um bom arejamento, limpeza e escovagem não resolva! Li há pouco, confesso que não me lembro onde, o depoimento de um médico sobre este tema, e ele dizia que era perverso os seus colegas de ânimo leve diagnosticarem alergia aos animais desta forma!
4. Divórcio... - Quanto a esta eu ainda consigo entender que é difícil quando se tem filhos e em pleno inverno, com as crianças na cama e sozinhas em casa ter de levar o cão à rua... Pode mesmo ser impraticável! No entanto há soluções, por exemplo uma empresa de pet sitting (http://www.companhiadossitters.pt/)!

Quero com isto reforçar que estas justificações que as pessoas arranjam para se "desfazerem" dos seus animais não são mais do que desculpas para uma coisa que não fizeram: Ponderar muito bem e concluir que estão dispostas a cuidar do animal, no minimo, pelos próximos 15 anos! Não pode ser uma decisão de agora, mas sim de futuro! Pensem nisso muito bem e não cedam aos pedidos dos vossos filhotes, nem a conselhos de médicos ou psicólogos de que faria muito bem ao menino/a ter um animal de estimação, pois não é o Dr. quem vai cuidar dele!

Perdoem-me a extensão do post mas não poderia de deixar de mencionar todos os pontos importantes! Mais tarde voltarei a falar dos nossos amigos de 4 patas, agora deixo-vos com este texto e umas fotos dos nossos amigos (tiradas por mim)!

Obrigada a todos e não abandonem os vossos animais!

Ana Fonseca

Agradecimento...

Bem-Hajam!
Hoje quero agradecer-vos, a todos que me/nos têm lido. Sinto uma profunda gratidão, mesmo.
Alguns de vós já sabem que sou pouco dada a estas tecnologias: não me movimento em blogues, não tenho facebook, tudo o que vá para além de escrever no Word, receber e mandar e-mails, já exige de mim um esforço grande. Não sei bem porquê, simplesmente tenho dificuldade, ou resistência, ou seja lá o que for. A minha querida irmã é que trata de tudo, eu só escrevo no Word e mando-lhe! Obrigada, Ana, sem ti não seria possível esta partilha!
Mas ao nosso blogue, a este, vou todos os dias. Vê-lo, mimá-lo, fazer-me crer e constatar que ele existe! E sempre, mas Sempre que lá vou, ando com o rato (a palavra científica deve ser cursor, não sei!) em cada um dos quadradinhos dos seguidores! Acreditem que nem sabia que existia! E em cada quadradinho leio os vossos nomes, sempre! E hoje percebi que era uma forma, a minha forma, de vos agradecer, de vos dizer “olá”, cada vez que entro no blogue. Alguns quadradinhos sei a que pessoas pertence, outros não; mas a todos eles, ao passar o meu “rato”, agradeço de igual forma.
Como agradeço aos cento e trinta (quantos são mesmo, Ana?) seguidores no facebook. Eu raramente lá vou, a minha irmã é que o dinamiza; não sei quem nos segue, mas a cada pessoa agradeço igualmente.
Como agradeço aos e-mails que me têm mandado, com palavras de afecto, de entusiasmo, de identificação, relativas ao blogue.
Agradeço-vos, profundamente!
Eu dou-vos os meus pensamentos, emoções, questões, através das minhas palavras; vocês dão-me a vossa presença, e a luz enorme de me fazerem sentir acompanhada nestas coisas que penso e sinto. Isto é tão valioso!
Para quem não me conhece, eu estou na fotografia do texto “os afectos nas e com as crianças…”. Eu gosto de conhecer os rostos das pessoas, por isso imagino que alguns de vocês também gostem de conhecer o meu. A fotografia nasceu das mãos e da Alma artística da minha irmã, numa sessão fabulosa que fiz com ela, há um ano atrás; a minha expressão facial nasceu da imensidão de Amor que tenho pelo meu filho, o Ser maravilhoso que tenho ao colo na fotografia! O Nunu também nos fez companhia, um dos dois bonecos com que o meu filho dorme desde que nasceu.
Essa sou eu, numa fotografia que mostra muito de um dos cantinhos mais profundos e íntimos do meu Ser: o Amor pelo meu filho.
Mas eu sou uma série de outras coisas, com vários cantinhos. Um deles é o de me fazer todo o sentido manter a minha forma de estar, a partilha de afectos, de sorrisos, de sinceridade, não só com as crianças (de quem tenho falado mais), mas também com os adultos que me rodeiam. É assim que me faz sentido viver. Faz-me sentido elogiar alguém quando sinto essa vontade; tocar-lhe no braço; dizer às pessoas o que de bom em mim suscitam; partilhar sorrisos, e outras vezes nem tanto, e… E olhar para as pessoas, as crescidas, os graúdos (como eu!) e vê-los! E respeitá-los, e elogiá-los quando o sinto, e manter-me num registo de cooperação no nosso crescimento e na existência pessoal de cada um, na exaltação das suas/nossas qualidades únicas!
Nem sempre é fácil, por várias razões: porque por vezes sinto que as pessoas me acham meio choné, ou a roçar a cínica, ou meio tontinha, porque só os meio tontinhos é que vivem a vida com ligeireza (dizem alguns!); mas também não é fácil porque há dias em que estou zangada, em que algumas pessoas não me suscitam sorrisos, em que me aborrecem, e irritam. Mas são em menos quantidade, estes dias. E isto aprende-se, mesmo. Aprende-se a soltar a garganta quando temos as palavras elogiosas a quererem sair; aprende-se a soltar a mão quando nos apetece simplesmente tocar em alguém; aprende-se a não termos medo de falarmos sobre nós, sobre o que sentimos, seja num tom mais escuro ou mais claro.
Os dias nem sempre me são pacíficos, acreditem. As fases da minha vida também não. Mas acreditem, também, que podemos escolher. Tal como vos dizia num dos textos passados, é possível escolher. Não é quando a dor é gigante, quando nos sentimos enrolados numa enorme onda, em que não conseguimos vir ao de cima – nessas alturas o sofrimento tem de sair, antes de qualquer coisa! Mas quando nos sentimos minimamente estáveis, quando não estão a ocorrer mudanças estruturantes na nossa vida, nessas alturas acredito profundamente que podemos viver melhor, sermos mais felizes, e diariamente escolhermos como é que queremos agir nesse dia. Podemos nem sempre conseguir, mas tentamos. E isso já é fabuloso, é aí que me situo! A tentar, quase diariamente!
Porque a minha experiência (e é dela que falo sempre, do que vou sentindo, vivendo e pensando) é que aquilo que damos ao Mundo, o Mundo nos devolve. Mesmo! Quantos mais sorrisos partilharmos, mais receberemos; quantos mais abraços dermos, mais receberemos; quanto mais disponíveis estivermos, mais os outros estarão para nós; quanto mais transparentes formos, mais os outros serão para nós;…
Da minha parte, estou absolutamente certa de que tudo o que vos dou, recebo de volta!
E é exactamente por hoje ter sentido isto com tamanha nitidez, que vos agradeço!
Bem Hajam!
Por terem suscitado em mim este sentimento, por se terem cruzado no meu caminho, mas sobretudo por simplesmente Existirem, na vossa Mágica e Poderosa Unicidade!

Joana Pires


Ps: Para quem não conhece a Joana é ela quem está na foto deste post!!! Mas ela não sabe... fui eu quem pôs... hoje ela já vai saber, quando vir!!!