quinta-feira, 10 de março de 2011

As Pequenas Gigantes Coisas!!!



Sou abraçada pelo sol, que já espreita com confiança. Os seus raios já se sentem mais primaveris, pousados no nosso corpo e aconchegados pelo canto dos pássaros: os melhores e pioneiros mensageiros da aproximação da Primavera!
Sou embalada por um CD fabuloso (BAU, CAFÉ MUSIQUE), que veio directamente de Cabo Verde para mim, pelas mãos de alguém que teve a generosidade de pensar em mim enquanto lá esteve e de depois me mimar com esta oferta.
Cada vez mais me encosto tranquilamente a estas pequenas Gigantes coisas. Que estão sempre ao nosso alcance, para sempre que estejamos disponíveis para as ver e as sentir.
Acontece-me muitas vezes encontrar-me em sítios que rotulo e sinto como feios (salas feias, com objectos feios, com cheiros feios). E tenho-me permitido dar largas ao olhar, e lá encontro uma árvore, vestida ou despida, que nunca tinha visto! E um canteiro, e um espacinho relvado, e… E depois volto o olhar para o tal espaço feio, mas cuja fealdade deixa de pesar em mim, porque já me enchi de beleza.
É mesmo verdade, isto. Tem-me acontecido de facto, e chego mesmo a pensar: “mas já estive aqui tantas vezes, já olhei cá para fora tantas vezes, como é que nunca vi isto?”. E depois até penso que é uma Oferta da Vida só para mim! A visão daquela árvore é só para mim, uma prenda só minha. E é-o, de facto, porque é com os meus olhos que eu vejo, e qualquer outra pessoa provavelmente o veria de forma diferente. É um Presente só para mim!
Quem me conhece sabe que eu não sou uma pessoa que está sempre sobre uma nuvem, que acha que é tudo perfeito. De todo. Aliás, mesmo quem não me conhece mas que me lê, provavelmente percebe a mesma coisa. Mas a verdade é que se investirmos a nossa atenção nestas puras dádivas, se nos encostarmos e repousarmos nelas, tudo fica muito mais bonito e tranquilo.
Seja nas árvores que nos permitem uma visão bonita, nos pássaros que cantam para nós, no sol que nos aquece, em alguém que se lembra de nós e nos dá uma prenda, que nos toca no ombro e assim nos dá afecto, que nos manda uma mensagem escrita, que sorri generosa e verdadeiramente para nós…
Todas estas coisas juntas têm o poderoso efeito de minimizar as coisas que nos apertam e nos causam desconforto. Até parece que desaparecem, de tão pequenas e insignificantes que se tornam.
Para onde os nossos olhos olham, somos nós que ditamos; os sons que escolhemos dar atenção, somos nós que ditamos; a forma como alimentamos o nosso corpo, somos nós que ditamos; o que pensamos de nós e dos outros, somos nós que ditamos; a forma como nos tratamos e como tratamos os outros, somos nós que ditamos; as palavras que escolhemos fazer nascer da nossa boca, somos nós que ditamos; …
Tanto Poder!
Tanta Responsabilidade!
Tanta Grandiosidade!
Tanta Liberdade!

Assim somos nós, detentores de tudo isto!

Joana Pires / Fevereiro de 2011



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