quinta-feira, 19 de abril de 2012

É tão Injusto!

É tão injusto que haja meninos a morrer à fome, que nós deitemos a comida fora e não aproveitemos o que temos.
É tão injusto que haja pessoas a roubar aos pobres o pouco que eles têm.
É tão injusto que nós deitemos lixo para o chão. Se toda a gente fizesse o mesmo, o nosso planeta transformar-se-ia numa lixeira. Seria muito desagradável!
É tão injusto haver guerras entre países. Há pessoas a morrer por causa disso.
É tão injusto tratarem mal os animais. Se eles nos fizessem o mesmo, nós não íamos gostar. Se não nos formos meter com eles, eles não nos fazem mal.


Há coisas tão injustas... Não compreendo porquê!


MS (8 anos - texto livre, escrito no caderno da escola)

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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Espiralando


Inspirada no movimento fantástico do Mia Couto em inventar palavras, inventei esta: espiralando.

Espiralando na vida, passaram vários meses até escrever-vos (nos) de novo. Não houve afastamento, de todo. Nos meses em que não escrevi, estava numa espiral acima ou abaixo, mas bem pertinho do momento de hoje, de agora, da escrita para o blogue.

E isto acontece muito: andamos, não em linha reta, mas em espiral, até que num ou outro aspeto da nossa vida quase tocamos noutros sítios onde já estivemos, a fazer coisas que já fizemos, com pessoas que já tivemos. E parece mesmo que foi ontem, que está mesmo aqui, que as cores, os sabores e odores estão tão vivos como naquela altura. Acontece-vos?

Tenham passado dez anos ou um mês; vinte anos ou três dias. Os afetos pouco sabem sobre o tempo, esta coisa que parece que tem vida própria, que às vezes nos encaixota em sítios e de formas que não queremos: temos de apertar as coisas do dia-a-dia em 24 horas; temos de estudar no mínimo até aos 18 anos; temos de ser mães até aos 40; aos 30 anos temos de ser adultos e crescidos; temos… Não temos coisa nenhuma, sinto-o eu.

E, espiralando, muitas das coisas que fui com 5 anos, volto a ser agora. E questiono o tempo, e a sequência do tempo, e a ordem esperada e expectada para os acontecimentos que a nós nos dizem respeito. E sinto que quanto menos rigidez nos exigirmos, quanto menos esperarmos coisas de nós mesmos, do “devíamos ser, ou ter, ou fazer”, melhor acompanhamos o movimento de espiral que a vida nos convida a fazer.

Podia ter escrito mais cedo (e pôr as coisas desta forma é francamente diferente e mais libertador do que o peso do “devia”, que parece arcar em si todos os arquétipos, e pais, e mães, e a sociedade, e os outros, e… Tantos, que ficamos sem saber onde estamos nós!).

Podia, mas não escrevi. Escrevo agora.

Com a certeza que, espiralando, as coisas que nos tocam e nos são importantes estão sempre presentes, e que algures nesta coisa misteriosa que é o tempo, acabam por se concretizar e manifestar a sua real importância.


Joana Pires
Abril, 2012




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